A Companhia de Serviços Urbanos de Natal (Urbana) deu continuidade, nesta segunda-feira (03), às ações de recolhimento de lixo em praias de Natal, incluindo a Via Costeira. Entre o lixo recolhido estão garrafas pet, pedaços de plástico e embalagens de biscoito e energéticos provavelmente vindos de diversos países da Ásia e da Europa que foram encontrados na praia.
A reportagem da TN esteve no local e constatou a presença de lixo vindo de países como China, Indonésia, Coreia do Sul, Malásia e Egito, mas em pouca quantidade, misturando-se a lixo local, como pacotes de pipoca e salgadinhos e latas de cerveja e refrigerantes. O lixo foi encontrado numa área de desova de tartarugas na Via Costeira. Em 2024, uma situação semelhante foi registrada em Belmonte, na Bahia, em que uma empresa encontrou 140kg de lixo estrangeiro em cinco semanas.Play Video
“A Urbana mantém um cronograma regular de limpeza nas praias de Natal, garantindo a remoção constante de resíduos para preservar o meio ambiente e proporcionar espaços limpos para a população e os visitantes. Esse serviço é realizado diariamente em diversos trechos da orla da capital”, disse a Urbana, acrescentando ainda que a equipe de limpeza foi enviada durante a tarde desta segunda-feira (03) para realizar a retirada do material.
Segundo a professora aposentada do departamento de Oceanografia da UFRN, Maria Christina Araújo, embora a maior parcela do lixo encontrado em praias tenha origem no continente (transportado pelos rios) ou depositado diretamente na areia pelos usuários da praia, uma parcela do lixo tem origem marinha.
“O lixo presente na água pode ser facilmente transportado pelas correntes ou pelo vento, especialmente os itens leves e flutuantes como muitos plásticos. A poluição não obedece a fronteiras e o lixo descartado em um local pode facilmente chegar a outros locais. Atualmente existem várias ilhas desertas repletas de lixo, comprovando que ele se desloca facilmente pelo oceano, indo parar muitas vezes longe do local de descarte. É muito comum em vários litorais do mundo, o aparecimento do “lixo estrangeiro”, em virtude na maioria das vezes, do descarte irregular do lixo por navios”, explica a doutora em Poluição Marinha e Gestão Costeira.
Segundo Lucas Gabriel, presidente da Associação de Proteção e Conservação Ambiental Cabo de São Roque, a presença de resíduos advindos de países asiáticos e europeus em praias brasileiras já acontece há alguns anos. Ainda de acordo com Lucas, a associação tem um projeto permanente de limpeza de praias no Rio Grande do Norte, tendo recolhido 120 quilos de lixo em Búzios e outros 90 quilos em Jacumã no último final de semana.
“Em 2019, iniciamos um monitoramento desse lixo que chegava em nossas praias. Todas as vezes que íamos à praia o mandarim estava presente, linguagem dos países asiáticos. Levantamos algumas hipóteses e percebemos que esse lixo que chegava no litoral eram de resíduos que nunca tinham sido utilizados, na maioria das vezes, com embalagens lacradas, com conteúdo dentro, molho shoyu, água, refrigerante”, lembra, acrescentando que em 2021 chegou a publicar um artigo mostrando que uma pesquisa registrou presença de lixo de pelo menos 23 países na costa, acrescentando que o resíduo que chega agora não é só plástico, mas também latas de óleo, maços de cigarro, entre outros.
Fonte: Tribuna Norte
